O processo de tomada de decisão do produtor rural historicamente é baseado na tradição, experiência e intuição, mas a chegada das soluções de Tecnologia da Informação ao campo vem modificando essa realidade.
Sensores terrestres, drones, sistemas de rastreamento via satélites, máquinas agrícolas com sistemas que permitem seu monitoramento e controle remoto, softwares de gestão, entre outras inovações, permitiram que o produtor tomasse decisões apoiados por informações precisa e em tempo real.
Na prática a tecnologia permitiu aumentar a produtividade e qualidade, tornando o agro nacional mais competitivo. Mas é possível fazer ainda mais com a interconectividade dos recursos tecnológicos que começa chegar ao campo.
O Brasil é um protagonista no uso da tecnologia da informação na produção agrícola, mas o país se depara com um grande gargalo para o salto da próxima etapa e consolidação do Agro 4.0: a falta de conectividade no meio rural.
Entendendo o gargalo da conectividade no meio rural
A agricultura 4.0 se caracteriza pela conexão dos dados coletados pelos meios digitais com o objetivo de aprimorar a produção agrícola em todas as suas etapas. Representa a chegada da Internet das Coisas (Iot) ao campo, conectando equipamentos e sistemas.
No futuro, os equipamentos conectados contarão com o apoio da Inteligência Artificial e do machine learning para analisar os dados da cadeia produtiva e tomar as decisões, funcionando de forma autonômica. Ao produtor, caberá o papel de acompanhar, monitorar e validar os processos em curso. Para que isso seja possível, contudo, a conectividade é fundamental.
É justamente nesse ponto que aparece o grande desafio para o agro nacional. Segundo dados do último Censo Agropecuário, 1,5 milhões de produtores rurais acessam dados por meio de dispositivos eletrônicos, um aumento de 1.900% em comparação há 10 anos. Apesar disso, o uso de recursos de TI na agropecuária ainda é predominante offline.
Isso ocorre, pois, segundo estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), apenas 5% da área agricultável do país está conectada a internet, com concentração nas grandes propriedades.
Para se ter uma ideia da carência em infraestrutura de comunicação no país, mudar esse quadro e ampliar a cobertura para cerca de 90% exigiria a instalação de 16 mil antenas, com um investimento estimado em R$ 8 bilhões.
Enfrentar esse gargalo é urgente. Em regiões como os Estados Unidos e Europa, a conectividade e uso de soluções de tecnologia em larga escala já está em rumo, assim, ainda que o produtor nacional conte com vantagens ambientais, é preciso garantir que ele tenha condições de manter sua produtividade.
Atualmente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), conduz um levantamento da situação da conectividade no país, avaliando o potencial do uso de infraestrutura já existente, como antenas retransmissoras em postos da Polícia Rodoviária Federal e redes de fibra ótica, que podem ser compartilhadas com linhas de energia.
Além disso, vale destacar projetos de redes 4G desenvolvidos por empresas privadas junto a centro de pesquisas, como no caso da Usina São Martinho, em Pradópolis, São Paulo, e que agora começam a ser testados em outros lugares.
Em um país de dimensões continentais e com grande desigualdade de infraestrutura, levar a conectividade as propriedades rurais é um enorme desafio que precisa ser vencido. A união de políticas públicas, produtores rurais e empresas de tecnologia parece ser o caminho para isso.
O Agro 4.0 é o futuro. Com as soluções digitais conseguiremos produzir mais alimentos, com maior qualidade e com menor impacto ambiental. Se queremos que o Brasil abra as portas para esse futuro, agora é o momento de encarar o gargalo da conectividade no campo.
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Referência: Revista Pesquisa Fapesp – ano 21, N. 287. Artigo: Agro 4.0, pag. 12-20 – Zaparolli, Domingos. https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/174066/1/4942.pdf